Afinal, por que Santorini?
Para mim, esta é uma pergunta frequente. São muitos amigos, leitores, parentes que me indagam “Por que você morou em Santorini? Por que foi casar lá? O que viu em Santorini?” e por aí vai.
Bem, não existe resposta fácil nem curta para tais perguntas. As vezes, eu me pergunto também 😉 Acho que alguns mistérios continuarão no ar por mais tempo, mas encontrei uma parte bem legal do meu livro que explica um pouco do que senti (e ainda sinto) quando cheguei na ilha de Santorini pela primeira vez. Have fun!
Ah, e fiquem ligadíssimos no blog! Quando eu sumo e não posto todo dia, é porque o trabalho está pesado mesmo! São os últimos dias antes da data de lançamento do meu livro! Vou contar tudo aqui pra vocês 😉 logo logo!
“Por que Santorini? Esta é uma parte da história que não sei explicar. Talvez porque eu ainda não conhecia Santorini, porque era uma ilha muito famosa, e estava tão perto de Mykonos. Também era a ilha mais cara da Grécia, dos casais felizes, dos casamentos dos ricos e, sobretudo, declarações de amor desfilavam o tempo inteiro por suas ruas. Fosse noite ou dia, não havia como escapar do amor que exalava da cratera principal do vulcão, pois este sentimento andava de mãos dadas com todos que ousavam abrir seu coração frente à caldeira.
Maria já tinha sugerido aquela viagem havia algum tempo, mas eu não estava pronta para viver aquilo, para me encontrar e me perder nas areias da Praia Vermelha. Antes daquele dia eu não estava pronta, mas a minha hora tinha chegado, e o encontro com meu novo destino já tinha sido marcado por Deus. Quando avistei as primeiras casinhas penduradas da vila de Oia, enchi meu peito de esperança. Ia ser feliz ali, até porque, não se podia ser miserável em um cenário como aquele.
Logo abaixo das casinhas brancas penduradas nos penhascos, avistei o paredão da cor de fogo do porto de Amoudi, que embora eu ainda não soubesse, seria palco de um dos grandes momentos lindos da minha aventura na ilha. Eu não sabia de nada, mas era muito bom sentir que minha esperança crescia maior do que a minha insegurança, e eu estava grata e satisfeita por estar viva. Apesar de confusa, eu estava viva e alegre para escrever mais um episódio da minha vida de aventuras, preparada para viver o que tivesse que viver por inteiro, sem pedir desculpa pelos meus erros e pelo meu coração.
Enquanto eu fitava incansavelmente as casinhas brancas de todas as vilas, que ficam uma a uma espalhadas por aquele paredão irregular sem fim, o vulcão saltou de dentro do mar, do outro lado da embarcação. Pensei que o navio tinha sido atingido em cheio por ele, mas não. Eu tinha sido atingida por um susto, apenas a sensação forte de quando muitas pessoas encantadas exclamam – Uau! – em um organizado coral, frente a uma das maiores belezas do mundo. É muito bom saber que fazemos parte de uma experiência tão mágica, tão surreal quanto a própria história de vida de seus habitantes, seus erros e seus acertos, seu poder e sua desgraça igualmente poderosa. De uma coisa eu sempre tive certeza. Aquele lugar era para os fortes.
Quando saí de Mykonos eu estava despedaçada, mas apesar disso cheguei mais inteira do que nunca em Santorini. Eu me sentia completa, e achei que já tinha encontrado o que eu nem sabia que estava buscando. A ilha acrescentou algo de muito poderoso em mim, e me senti a mulher que sempre quis ser. O sentimento da chegada era bom, e a vista era maravilhosa, do tipo que só se encontra em um lugar.
Devido a todas as singularidades apaixonantes que formam o quebra-cabeça da ilha, eu não queria nunca mais voltar para Mykonos ou outro lugar qualquer. Eu queria estar ali de corpo e alma, do mesmo jeito que estava quando levantei meus olhos para a estrada que liga o porto às vilas, a Terra aos céus. Era em Santorini que eu queria viver para sempre, por todos os meus longos dias. Era o sol da ilha que eu queria que lavasse a minha alma em dias cheios de trabalho, a luz da lua que levasse minhas lágrimas em noites de dor. Era a força da lava do vulcão que eu queria que me acompanhasse nos momentos altos de alegria, por todo o tempo que me fosse permitido viver ali. E que Deus me deixasse viver ali, que me mostrasse onde ficava a comida e a bebida, e que me desse amor. Ainda naquele barco prometi a mim mesma que não mais iria vagar por todo o mar mediterrâneo, na esperança de um dia voltar a encontrar tudo que senti quando vi Santorini pela primeira vez.”
(continua…)